O mundo da moda tem várias expressões em línguas estrangeiras e quem é leigo pode se confundir com várias delas. Você sabe, por exemplo, o que quer dizer a expressão francesa Prêt-à-porter?
A tradução quase sempre nos ajuda a ter uma ideia do que se trata. Prêt-à-porter quer dizer “pronto para vestir” e se refere ao surgimento das peças de roupa feitas por coleções, em grandes quantidades, e não mais apenas de maneira exclusiva e sob medida. Ou seja, quase que literalmente, prontas para vestir.
O conceito surgiu no período pós-guerra e revolucionou a moda mundial e proporcionou que as peças passassem a ser produzidas em escala industrial, no atacado, mantendo a qualidade e o padrão. Na modernidade, tem até cupom de desconto em roupas produzidas seguindo essa ideia.
É por conta do Prêt-à-porter que hoje você pode entrar em uma loja, conhecer as peças de várias coleções, incluindo algumas com a assinatura de estilistas famosos, escolher uma no seu tamanho e já levar para casa o modelo que mais gostar.
A história
Mas, voltando no tempo, precisamos lembrar que, no início dos anos 1900, ainda prevalecia no mundo dois tipos de moda: a alta costura, com roupas exclusivas, feitas por encomenda; e as confecções, que eram associadas ao dia a dia no campo e à baixa qualidade.
As peças produzidas em escala não eram nada chiques e associadas à pobreza, uma vez que a alta sociedade só desfilava com peças exclusivas ou feitas em pequena quantidade.
Com o aperfeiçoamento da indústria, mais ou menos em 1950, isso começou a mudar. Surgiram os primeiros catálogos e lojas de departamento em cidades com prestígio na área, como Berlim, Paris, Nova York e Londres.
Assim, começou a parceria de estilistas renomados com fábricas e lojas que produziam peças em maior quantidade. Em 1953, por exemplo, o famoso Dior assinou uma coleção vendida na loja de departamento japonesa Daimaru.
Um dos estilistas que ajudaram a popularizar o Prêt-à-porter foi o italiano Pierre Cardin, que costurava desde os 14 anos de idade. Ele chegou a chefiar a alfaiataria de Christian Dior e foi um dos primeiros a enxergar um mercado de exportação no Japão. Seguindo a mesma lógica, ele também foi pioneiro na moda unisex.
Antes que você pergunte, não foi por acaso que o movimento ganhou força na época da Segunda Guerra Mundial. Nesse período, vários estilistas europeus migraram para os Estados Unidos e tiveram que se adaptar à cultura local.
Os americanos já exportavam filmes e, consequentemente, influenciavam fortemente a moda do planeta todo. A presença dos estilistas europeus em solo americano mexeu com a cabeça deles e mudou o mundo da moda.
A própria demanda interna dos Estados Unidos, que tinha milhares de consumidores querendo comprar peças de gente renomada no velho mundo, foi outro fator que ajudou a impulsionar esse mercado.
Prêt-à-porter moderno
Hoje, a globalização e a internet contribuem fortemente para o Prêt-à-porter moderno, uma vez que modelos que fazem sucesso em algum lugar podem ser conhecidos facilmente e replicados em qualquer outro.
O Prêt-à-porter moderno, inclusive, faz sucesso em diferentes classes sociais. Existem peças feitas em grande escala, desejadas e compartilhadas por pessoas de todo o mundo. Também há coleções com mais estilo, cores e cortes marcantes, mais populares entre os mais ousados. Existe ainda um mercado de luxo, que ainda é mais exclusivo que a média, mas produzido em uma quantidade significativa. Isso diminui os custos e faz com que seja acessível para mais pessoas (mas não para todas), sendo uma alternativa para quem ainda prefere a alta costura.