Conceitos estão relacionados à mobilidade dentro das cidades
A preocupação com as questões ambientais tem estado cada vez mais presente nas nossas vidas — não à toa, já que a nossa sobrevivência depende da continuidade do planeta Terra. Sendo assim, repensar a maneira como lidamos com isso é indispensável e urgente.
Um dos aspectos que acaba sendo motivo de preocupação, especialmente nos grandes centros urbanos, é a mobilidade, que ainda é comandada por veículos como carros e motos. Um exemplo de alternativa a isso é o uso da bicicleta como meio de transporte, pois é relativamente barata e zero poluente.
Pensar nisso diz respeito a dois conceitos que surgiram há pouco tempo e devem fazer parte dessa proposta de readequar a nossa relação com o mundo em que vivemos olhando para o lugar onde vivemos: caminhabilidade e micromobilidade urbana. Confira a seguir.
O que são caminhabilidade e micromobilidade urbana?
Apesar de esses dois termos “caminharem” juntos, caminhabilidade e micromobilidade não são sinônimos. Eles traduzem o conceito de uma vida urbana mais sustentável, acessível e prática para os cidadãos. Andando juntos, esses dois termos certamente podem interferir entre si. A razão disso é que, se existe uma maior caminhabilidade, é mais provável que haja mais facilidade na implementação de meios voltados para a micromobilidade urbana.
A caminhabilidade está intrinsecamente ligada à possibilidade que as pessoas têm de se locomover em diferentes espaços com facilidade e segurança. Isso implica ruas devidamente pavimentadas, com estrutura apropriada para todas as pessoas, incluindo quem tem algum tipo de deficiência física e/ou motora.
Segundo Victor Andrade e Clarisse Cunha Linke, autores do livro Cidade de Pedestres, o conceito de caminhabilidade seria ainda a medida disponível para a circulação de pedestres. Para eles, “no caminhar cotidiano, o pedestre se apropria do espaço construído e tem a percepção ampliada para os detalhes da paisagem”.
Já em se tratando de micromobilidade urbana, vale dizer que o termo apareceu publicamente pela primeira vez no final do ano de 2017, no Tech Festival, em Copenhagen, citado pelo empresário Horace Dediu. Segundo ele, a micromobilidade compreenderia uma nova categoria de veículos leves e eficientes para uso urbano.
Essa categoria abrange os patinetes elétricos e as bicicletas (elétricas ou não) compartilhadas. Seu propósito seria o de possibilitar que rotas menores fossem realizadas com esses meios de transporte. O resultado desse uso seria mais agilidade no trânsito e menos danos ao meio ambiente.
Trazendo os conceitos para a realidade
Conhecendo separadamente cada conceito, fica mais fácil entender o porquê de eles serem tratados em conjunto: ambos exigem reformulações nas paisagens urbanas para poderem ser devidamente implantados.
A cidade de Zurique é um ótimo exemplo disso. Lá, cerca de 31% dos deslocamentos realizados pelos cidadãos suíços ocorrem a pé ou de bicicleta. Enquanto o transporte coletivo abrange 39% dessa movimentação de pessoas, os automóveis representam apenas 30% do total.
Para que isso acontecesse, houve um estímulo tanto na eficiência da mobilidade urbana quanto na proibição de criar novos estacionamentos de carros a partir de 1996 (a única exceção seria a reconstrução de um já existente). Como resultado, foram criados mais espaços públicos para os pedestres, incluindo praças.
Outro lugar onde a caminhabilidade e a micromobilidade estão conectadas é Amsterdã. Na capital da Holanda, há uma grande preocupação com a infraestrutura para pedestres e ciclistas, que ocupam, respectivamente, 29% e 31% da divisão modal da cidade.
Tais exemplos só mostram o quão importante é buscar maneiras para readequar as nossas cidades a esse novo mundo que se apresenta, considerando os espaços existentes e o que eles podem oferecer a todos nós. Facilitar o tráfego de pessoas e o de veículos leves, como bicicletas e patinetes elétricos, é apenas um exemplo. Na verdade, para haver uma mudança significativa, que englobe tanto o aspecto da mobilidade quanto do meio ambiente, é preciso pensar em conjunto, observando quais as necessidades e as possibilidades de cada lugar e de cada população. Só assim encontraremos soluções ideais para pessoas reais.